sábado, 5 de março de 2016

Cineclube CDCC divulga programação de março

Com sessões gratuitas aos sábados, às 20 horas, o Cineclube do Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP, em São Carlos, promoverá a seguinte programação no mês de março de 2016:
5 – AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL
The Perks of Being a Wallflower, EUA, 2012, Drama, 103 minutos
Direção: Stephen Chbosky
Elenco: Logan Lerman, Emma Watson, Ezra Miller, Dylan McDermott, Kate Walsh
Uma história de amizade e amadurecimento, que em meio aos terrores que atingem o próprio íntimo, o jovem Charlie, que acabara de perder o melhor amigo e passara pela recuperação de um trauma, inicia o Ensino Médio e sua conseguinte jornada para imergir num grupo social. A escola agora é apresentada como uma possibilidade tentadora, embora inicialmente hostil, onde a maioria veste máscaras para se integrar. Já Charlie, venturoso, inicia uma inadvertida amizade com o extrovertido Patrick (Ezra Miller, de Precisamos Falar sobre Kevin, a ser exibido em abril) e sua meio-irmã Sam, que serão os responsáveis por recebê-lo em seu mundinho à parte dos descolados. A partir de agora, ele abandona sua solidão e adentra no real mundo da juventude, com seus doces e amargos, suas problemáticas de descobrimento pessoal e de tratamento das externalidades que apontam para ele de forma acusadora.
O filme tem alto teor emocional, exalando boa significância e fornecendo uma experiência reconfortante, que é trazida a cada cena, sempre reveladora e nunca desperdiçada, que se alimenta pelas ótimas atuações, refletindo sempre a sensação exata de cada personagem nas mais variadas situações. E é exatamente assim que o telespectador se reconhece, sentindo então saudades de velhas amizades ou reconhecendo o prazer em suas atuais.
Mas não é só a emoção o enfoque do filme, e sim a diversidade, a aceitação, a inocência e a fragilidade humana, que inerentemente social requer laços e respeito. E é assim, exibindo personagens tão humanos e bons, que o diretor mostra ao público que qualquer que seja a diferença, ela não é monstruosa ou fruto de uma mente doentia, e sim uma sutil tonalidade que combina com o próprio ser, fazendo dele o que realmente é: um casamento de experiências e genética. E são exatamente dessas curvas pessoais que diferenciam cada um que ocorrem os encaixes necessários para os vínculos e os conseguintes prazeres da boa companhia, fazendo com que o universo das relações humanas seja enérgico, dinâmico e, finalmente, evolua.
Lucas Marques Gasparino
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS
Tema: Cotidiano
Contém: Drogas, conteúdo sexual
12 – O PROFETA
Un Prophète, França, 2009, Drama, 155 minutos
Direção: Jacques Audiard
Elenco: Tahar Rahim, Niels Arestrup, Reda Kateb, Adel Bencherif
O Profeta tem início nos momentos anteriores à prisão do jovem francês de origem árabe Malik El Djebena, onde é abordado de forma emblemática ao esconder uma nota de cinquenta francos. Agora no sistema prisional francês, Malik mantém seus pensamentos em cumprir seus seis anos de pena de forma pacífica, porém, não é o que acontece. Logo em sua chegada, o jovem é envolvido por uma facção criminosa da detenção local, os ítalo-franceses da Córsega. Por pressão e questão de sobrevivência, ele é obrigado a trabalhar para este grupo em troca de proteção, porém não é aceito de forma plena por conta de sua origem árabe.
Com isso, Malik fecha as portas para o segundo grupo predominante na penitenciária, os muçulmanos franceses. Sua relação com os córsicos é complicada, muito pelo fato de sua origem, não sendo aceito em primeira instância. Com o passar do tempo, sua participação torna-se maior, facilitando sua aceitação entre eles. Os dias dentro do sistema prisional faz com que ele descubra uma qualidade em si próprio, a de gênio do crime. Não podendo participar de ambos os grupos, passa a administrar com extrema frieza os dois lados, sempre dizendo: “trabalho para mim mesmo”. Enquanto aprende a língua dos ítalo-franceses, começa a dar inicio a condição de letrado no grupo, se tornando braço direito do chefe da máfia da Córsega.
O segundo plano do filme se revela no início com a nota de cinquenta francos, onde o plano de fundo retrata a virada do milênio, com a formação da União Europeia, quando começa a inserir-se o modelo de moeda única, deixando a cargo do expectador a percepção dessa informação. Jacques Audiard foi calculista em cada cena do roteiro, alterando entre a visão e audição dos personagens, formando um ar documental da trama. Foi dessa forma que Audiard levou sua obra a vencer o Festival de Cannes em 2009 ser indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e também ganhar o premio Bafta de melhor filme estrangeiro.
Renan Strano de Oliveira
NÃO RECOMENDO PARA MENORES DE 18 ANOS
Tema: Circunstâncias
Contém: Homicídio, consumo e tráfico de drogas, relação íntima
19 – ZABRISKIE POINT
Zabriskie Point, EUA, 1970, Drama, 110 minutos
Direção: Michelangelo Antonioni
Elenco: Rod Taylor, Mark Frechette, Daria Halprin, Bill Garaway
Segundo filme da trilogia inglesa de Antonioni, Zabriskie Point é um filme da contracultura saturada da década de 1960, em que se aclamava as críticas constantes ao capitalismo e à “sociedade do estupro”, que pelo consumismo e pela mão invisível de Adam Smith atacavam, aliadamente, às consciências e seus instintos.
No filme, logo no início já se nota o caráter máximo que era a interação em reuniões entre os ativistas, ansiosos para manifestarem seus conhecimentos pseudo-politizados e fazer parte do grupo, de alguma coisa que transcendesse suas rotinas burguesas enfadonhas. Se nas primeiras cenas o filme demonstrava seguir um caminho de representação dos jovens, logo ele toma um novo rumo e mostra a evasão como meio de encontrar-se no desencontro.
Da dicotomia extremo-esquerdista e burguesia-capitalista, o jovem manifestante que se cansa do falatório das assembleias de estudantes e resolve agir radicalmente durante um confronto entre povo e militares, se encontra com uma jovem pacífica e focada em sua própria individualidade, que se dirigia rumo à casa de seu chefe empreendedor. O garoto chega de forma inusitada, impressionando a menina até então desconhecida.
Eles, transformados socialmente, ali naquele lugar árido, o vale da morte, Zabriskie Point, isolados do frenesi urbano, amantes desconhecidos, sem aprofundamento íntimo social, amar-se-ão temporariamente, assim como estão de passagem por aquele lugar, por aquela situação, por aquele contexto histórico.
Acompanhado sempre de um rock anárquico, o filme tem em seu final a implosão de um sentimento latente escrachado, colocando todo sua raiva contra aquilo que é mais forte e supostamente injusto numa única cena, representação máxima de que o revés inimigo é apenas um sonho.
Zabriskie Point foi mal recebido tanto pelo público quanto pela crítica, agradando pouco e apresentando uma visão da qual todos já estavam fartos, contribuindo somente com o jogo de palavras que se pode formar com sua conclusão, a de que a inércia capitalista leva tudo ao deserto e ao abismo.
Lucas Marques Gasparino
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 16 ANOS
Tema: Alienação
Contém: Nudez, violência, consumo de drogas
26 – não haverá sessão
Apoio cultural da Locadora Vídeo 21.
O CDCC fica na Rua nove de julho, 1227, Centro.
Mais informações:
Tel.: (16) 3373-9772

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